domingo, 30 de setembro de 2007

para ir dormir


foto: Josette Babo

"Deus pode perdoar os seus pecados, mas o seu sistema nervoso não o faz."


Alfred Korzybski, filósofo

quinta-feira, 27 de setembro de 2007

Cosme, Damião e Doum


Todas as vezes que minha madrinha ganhava um doce ou fazia uma sobremesa especial ela cortava três pedacinhos e colocava num pires que ficava perto da imagem de são Cosme, são Damião e Doum, em cima da geladeira. Ninguém podia esquecer do pedaço de Doum de jeito nenhum. Em cima da geladeira era o seu santuário. O altar da casa.


Esse ano ela morreu, já bem velhinha. Lúcida, linda, geniosa, amada, católica. Nos últimos anos, com dificuldade para andar, eu fazia questão, nas festas, de colocar os pedacinhos de doces para os santos. Aquilo me fazia muito bem. Eu me sentia importante. Era como se eu fosse capaz de representá-la à altura. E eu rezava. Pedia por ela, por nós, por eles. E agradecia por tudo.


Desde bem pequena, eu ficava impressionada como os doces, que eram oferecidos aos santos, não estragavam, não mofavam, nem davam formiga. Eles se mantinham frescos por muito tempo, todo o tempo. Tão frescos como a fé pode ser em seus milagres. Em seu poder de gerar força, determinação, coragem. O milagre estava ali. Eu via.


Sinto muita falta dela. Foi uma madrinha daquelas. Fez todas as minhas fantasias de carnaval. Uma mais linda que a outra. Depois me levava para aqueles estúdios de fotografia e eu tinha que ficar durinha, paradinha, e eu odiava, pois queria ir logo para o clube pular, encontrar as amigas e cantar as marchinhas.


As férias eram no Rio, na casa dela. Ela e meu padrinho me levavam à praia, ao teatro, ao jardim zoológico. E à queijaria. Um dia meu padrinho, adorador de queijos, me apresentou todos os tipos de queijos. Desde aquele dia me tornei essa viciada que sou hoje!


Quando meu padrinho descia a estrada de Petrópolis, sempre parava no Belvedere, um restaurante com vista panorâmica, para a gente curtir a paisagem. Eu amava. Desde que saía da minha casa, eu ficava ansiosa por aquele momento chegar logo. Eu saltava do carro e corria para ver toda aquela imensidão. Ali eu entendia que o mundo era muito grande e que a vida, intensa. Até hoje, quando passo por aquele belvedere abandonado, tenho a sensação de ser ainda uma menina cheia de esperança que acredita que as coisas vão dar certo.


São Cosme e São Damião, e Doum, sempre serão para mim a imagem de doar, de compartilhar, de casa feliz, com cheirinho de bolo. Um bolo que terá uma fatia cortada em três pedacinhos que serão transformados em fé, numa fé tão grande que tornará o milagre sempre possível.


ambiente sustentável

jogo: http://shingakunet.com/special/10054301/0285/index.html

quarta-feira, 26 de setembro de 2007

tempo off


A temperatura baixou. Friozinho. Me sinto tranqüila no frio. Agora as coisas começam a tomar o seu rumo. E eu estou feliz. O dia é todo meu. Meu. Nada de contagem do tempo. O tempo agora é todo meu. Tempo off.

segunda-feira, 24 de setembro de 2007

pelas cidades



As cidades.
Seu temperamento, seus gostos.
Sua textura, seus costumes.
Percorro.
Bares, boates, estradas.
Arquitetura, história, segredos.
Temperatura, calçadas, ruas.
Piso, provo, sinto.
Sua alma.
Vendo encantada.
Cada detalhe do tempo.
Curiosa, metida, abusada.
Interajo.
De noite, de dia.
O cheiro, os cantos, os becos.
O efeito da chuva, do sol, da maresia.
Toco.
Quem vive por ali.
Quem morreu ali.
Seu povo.
Seu paladar.
Aprecio, fuço, investigo.
As memórias, as canções, os tecidos.
A comida, os doces, os amargos.
Ando, ando, ando.
Sobre, sob, acima, dentro.
Quase cidadã.



sábado, 22 de setembro de 2007

festival de cinema


A minha primeira grande experiência com cinema foi vendo Gritos e sussurros, de Bergman, no Cinema Casablanca, em Petrópolis, que não existe mais há muito tempo. O cinema era num hotel e eu adorava os filmes que passavam lá. Saí do filme sem entender muita coisa, mas aquilo me tocou de um jeito que nunca mais fui uma simples espectadora. Eu passei a fazer parte dos filmes desde aquele momento.


Era a década de setenta, eu era menina e amava filmes. Havia dois cinemas em Petrópolis e eu e minhas amigas víamos o mesmo filme mil vezes. O destino do Poseidon eu vi sete vezes. O programa era ir ao cinema e depois lanchar no Tony's, uma lanchonete igual aos diners americanos. E eu adorava comentar filmes, falar sobre os atores, direção, figurinos. Na TV, na Sessão Coruja, nas madrugadas, eu gostava de filmes de terror. Era o máximo ver aqueles filmes em preto e branco com as luzes apagadas debaixo das cobertas. Os meus preferidos eram A mosca da cabeça brança e O monstro da lagoa negra. Pura diversão, mesmo tendo que acordar às 6 da manhã para ir ao colégio.

Mudei para o Rio e foi o paraíso. Tantos cinemas, tantos festivais. O Festival Hitchcock no Veneza durou setes dias. Fui todos os dias. Aí a esticada já era Baixo Gávea, mas o papo era o mesmo. Eu fazia teatro e eu e meus amigos virávamos a noite bebendo chope e falando de atores, direção, roteiros.


Fui ao Festival de Cinema do Rio, em 1987, no Ricamar, em Copacabana, com meu namorado na época, Pedro. Lembro que saí do cinema chocada de tão maravilhada que eu estava. Fomos ver A lei do desejo, de um diretor espanhol desconhecido, Pedro Almodóvar. O filme era incrível, moderno, colorido, profundo, divertido, tocante, impressionante. O filme era o máximo. O que era aquilo? Aquilo era genial. Diferente de tudo que se tinha visto até então. Cheio de detalhes enchendo a tela. E com um Antonio Banderas jovem, cheio de frescor, talentoso, lindo! Virei fã de Almodóvar na hora.


A gente vai ao cinema e de repente dá de cara um diretor incrível que revoluciona tudo. Aconteceu mais algumas vezes com Tarantino, Jean-Jacques Beineix, Jorge Furtado e alguns outros. E sempre se surpreendendo com os bons de sempre.


Agora vou ler o encarte do Festival do Rio e escolher alguns filmes para tentar ver. Isto é se eu der sorte de ter ingressos para vender na bilheteria.

sexta-feira, 21 de setembro de 2007

Pollock

Foto: Hans Namuth


Seja um Pollock!

Clique no mouse para mudar de cor e na barra de espaço para mudar de tela.


quarta-feira, 19 de setembro de 2007

ele


Nada acontece
de ruim
Quando estou
com você
Em mim


O mundo pára
Gira
Respira
E me espera

terça-feira, 18 de setembro de 2007

amigos


Ontem ganhei muitos presentes. Adorei todos. É muito bom ganhar coisas que talvez você nem olhasse na loja, mas quando estão na sua mão são a sua cara!!!


- Como vivi sem isso antes?


Aliás, isso vive acontecendo comigo. Em questão de horas, a coisa parece fundamental na minha existência!. Acontece com músicas, roupas, eletrodomésticos... A vida é mesmo um mistério.


Ontem também dei muitos presentes. É que não via algumas das minhas amigas desde os nossos aniversários. Todo ano é assim durante o ano inteiro. Vamos aos encontros cheias de sacolas de presentes atrasados!


A amizade é um dom. Não é para qualquer um. De cara tem que ter atração. Tem que dar liga. Tem que rolar. O santo bater. Olhar e gostar. Tem que querer ser amigo. Se interessar pela pessoa. E ouvidos, muitos ouvidos. Ninguém é amigo de verdade de ninguém se não tiver interesse no que a pessoa sente, pensa, precisa. Tem gente que só sabe falar, falar, falar. Receber, receber, receber.


Amizade tem que ter investimento, como um casamento. Tem que ter doação, entrega, coragem, atenção. Tudo feito com prazer. E se isso não rola espontaneamente, esquece. Foi.


As pessoas são diferentes e também manifestam seus sentimentos de forma diferente. Mas tem coisas que são básicas, clássicas, que rolam em qualquer lugar do planeta. Amigo é amigo em qualquer parte do mundo. E amizade é uma fonte incrível de felicidade, de diversão, de afeto, afago, colo, carinho. Amigo aquece. Ajuda a enfrentar o tranco. Comemora o melhor, divide o pior.


Tem os amigos de sempre, os amigos das horas difíceis, os das festas, os amigos que aparecem só de vez em quando. Os amigos de zoar, de papear a noite inteira. Os amigos cheios de dicas, idéias, que sabem de tudo. Os do colégio, da faculdade, do clube. Os que fofocam, rezam, consomem, cozinham bem. Os amigos talentosos, divertidos, reclamões, das antigas, ex-namorados. Os que elogiam, incentivam, têm a palavra certa. Os que abraçam, sacaneiam, aprontam...

Amigos de fé, irmãos camaradas! Amigos. Simplesmente acontece. Como deveria ser. A amizade é uma coisa incrível. Que vai crescendo, tomando forma. Tomando o seu lugar para sempre...





sexta-feira, 14 de setembro de 2007

dona Canô


100 anos


"Viver é muito bom, mas saber viver é melhor ainda"

quinta-feira, 13 de setembro de 2007

syms

Criação: Vera Castro
http://www.modthesims2.com/





quarta-feira, 12 de setembro de 2007

quem matou Taís?


Foto: Bob Wolfenson


Confesso. Sou noveleira. Mas, como gosto muito, não é qualquer novela não. Tem que ser boa. Muito boa. Boa demais. E urbana, com bom texto, com bom elenco, bons diálogos, boa direção, boa trama. Por que é aquela história: para agradar quem gosta e conhece é muito mais difícil! Quem gosta de verdade vai ficando exigente!

E Paraíso Tropical tem tudo isso de bom. É ótima! O elenco nem se fala. Todo dia é um show por todo lado. O jogo de palavras dos diálogos, a profundidade dos personagens, o movimento. A agilidade da história e da direção. Enfim, um arraso.

Agora saber quem matou a Taís virou o assunto da hora. Tem gente que jura que a Taís matou a Paula e está no lugar dela finalmente. Será? Seria uma ousadia e tanto dos autores, mas não teria dado tempo de fazer a troca. Vamos pensar: O Daniel deixou a Paula na esquina para comprar morangos para fazer a sobremesa (esta idéia da Paula de ir ao supermercado num temporal daqueles foi ou muito estranha ou muito romântica) e foi para casa, onde achou a Taís morta. Se ele não parou para nada, como a Paula chegou antes dele para a Taís matá-la e fazer a troca. Nem em novela daria tempo!

Também não daria tempo de a Paula desistir dos morangos, sair correndo na chuva, chegar em casa antes do Daniel, dar de cara com a Taís, brigar (porque não iria matar sem discurtir antes, claro!), matá-la, sair de novo e chegar como se nada tivesse acontecido. Ufa, não dá! E a Paula é a mocinha ainda por cima.

Mas se baseando no jeito que a Taís abriu a porta do apartamento já descarta um monte de gente. Ela abriu a porta toda marrenta: "Você aqui!". Tem que ser alguém do time dela. Se fosse aquela galera que ela odiava ela nem iria abrir. Por que abrir?? Não faz sentido. Se fosse Hermínia, Heloísa, Lúcia, ela continuaria procurando os passaportes em vez de perder tempo atendendo à porta. Ou fingiria que era a Paula. Coisa que não valia a pena, pois seria perda de tempo também.

Então, tem que ser o Olavo ou a Marion. Não pode ser o Ivan porque ela tinha acabado de deixar um recado apaixonado na caixa-postal dele e não ia abrir a porta daquele jeito. Na delegacia falaram que matar com gás é coisa de mulher. Então, por eliminação, é a Marion.

O Gilberto Braga e o Dennis Carvalho disseram que a surpresa será o motivo e não o assassino. Então não é queima de arquivo, ódio, ciúmes, porque estes seriam os motivos óbvios. Se é surpresa é porque ninguém ainda conhece esse motivo então ele nunca apareceu na novela mesmo e não tem como saber. É esperar para ver!

~~~~ O Xexéo comentou na sua coluna sobre o taxista-detetive por correspondência que chegou a seguinte conclusão: foi o Olavo, pois quando a Taís abriu a porta olhou para cima e como o Olavo é mais alto que ela... caso resolvido! rsrs
Adorei!!!

segunda-feira, 10 de setembro de 2007

bienal do livro



E está chegando a hora aguardadíssima para alguns de estar na Disney das palavras, cercados por livros por todos os lados, novidades literárias, gente interessada em livros, autores, o paraíso das letras, enfim, o mundo dos livros!

domingo, 9 de setembro de 2007

bodas de lã

foto: Josette Babo


Eu levo essa canção de amor dançante pra você lembrar
de mim, seu coração lembrar de mim
na confusão do dia-a-dia no sufoco de uma dúvida,
na dor de qualquer coisa
É só tocar essa balada de swing inabalável que é o
oásis do amor
Eu vou dizendo na seqüência bem clichê
eu preciso de você

E força antiga do espírito virando convivência de
amizade apaixonada
Sonho, sexo, paixão
Vontade gêmea de ficar e não pensar em nada
Planejando pra fazer acontecer ou simplesmente
refinando essa amizade
Eu vou dizendo na seqüência bem clichê
eu preciso de você

Mesmo que a gente se separe por uns tempos ou quando
você quiser lembrar de mim
Toque a balada do amor inabalável
swing de amor nesse planeta
Mesmo que a gente se separe por uns tempos ou quando
você quiser lembrar de mim
Toque a balada seja antes ou depois,
eterna Love Song de nós dois

Leva essa canção de amor dançante pra você lembrar de
mim, seu coração lembrar de mim
Na confusão do dia-a-dia no sufoco de uma dúvida,
Na dor de qualquer coisa

Skank - Balada Do Amor Inabalável
Samuel Rosa / Fausto Fawcett

sexta-feira, 7 de setembro de 2007

quarta-feira, 5 de setembro de 2007

musicovery

Quem me deu essa dica de site de música foi o meu amigo João Sette Camara. Estou apaixonada pelo site!

http://www.musicovery.com/

segunda-feira, 3 de setembro de 2007

meia maratona


Ontem foi a Meia Maratona do Rio. Franck Caldeira, esse gênio, ganhou no masculino, e Pretinha, no feminino.
Estou tão desligada disso que nem sabia. Fui passear com meu marido e meu cachorro e algumas pessoas voltavam da prova e outras ainda corriam. Pensei: "Se nada tivesse acontecido, eu estaria ali, correndo, suando, vibrando, cansada, mas feliz da vida." Era a minha alegria, o meu plano B.

Tudo era para a corrida. Dormir cedo, não beber, comer bem, vitaminas, exercícios. Eu adorava. Chuva, sol, tudo. Friozinho, então, era a glória. Depois de fazer provas de 5, 6, e 10 km achei que era a hora de partir para uma meia maratona e contratei um treinador para me preparar para a corrida do meio do ano.

E aí veio a bomba, fui parar no hospital, no estaleiro total, e não posso correr tão cedo.

A corrida é uma coisa incrível. Mas tem que gostar, nem que seja só um pouquinho ou não nunca chegará ao melhor dela que é a sensação de felicidade plena. Tudo é maravilhoso. A velocidade, o toque no chão, sentir a freqüência cardíaca aumentando, o suor, o peso do corpo, o vento, a superação, a endorfina.

Os médicos dizem que vou poder correr mais para a frente, mas não sei se vou querer. Outros exercícios já fazem parte da minha vida agora, que talvez eu deixe a corrida preservada, resguardada numa época incrível da minha vida. As coisas mudam, as pessoas mudam, eu mudei, o mundo mudou, minha vida mudou. A vida é cheia de possibilidades e eu me interesso por todas elas...

domingo, 2 de setembro de 2007

guimarães rosa

foto: reprodução

Guimarães Rosa

"O correr da vida embrulha tudo, a vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem."