domingo, 27 de abril de 2008

o quarto da bagunça e seus mistérios




Na semana passada vi uma matéria no programa da Oprah que fiquei chocada: A Vida Secreta de Maníacos por Tralha. Por mais que eu tente explicar o que vi, nunca será possível passar o tamanho da falta de controle que a vida de um casal de senhores americanos se tornou.
Os filhos, que já não moravam com eles havia tempo, desesperados com a situação, fizeram um vídeo, contra a vontade dos pais, e mandaram para o programa pedindo ajuda. O caso era tão sério que foi preciso dois programas para contar toda a loucura.
A senhora, Sharyn, toda simpática e chorosa, começou a comprar coisas e coisas e coisas. Todos os dias, durante anos. Ela se diz a rainha da oferta e sempre que via uma promoção comprava. Com o tempo, a casa de duzentos e tantos metros quadrados ficou pequena para tantas pechinchas e ela começou a entulhar, colocar uma coisa em cima da outra, misturar comida com brinquedos, produtos de limpeza com roupas, por toda a casa. Montanhas de coisas escondiam todos os móveis e faziam labirintos estreitos por onde se chegava aos cubículos que os cômodos se transformaram. Ninguém mais os visitava e eles morriam de vergonha de a casa ser assim.
Com a ajuda de um especialista, o casal (depois se descobriu que o marido, Marvin, também guardava papéis de banco por trinta anos!) aceitou ajuda para o que se transformou em doença e toda essa tralha foi retirada da casa, por DOIS meses. O carpete teve que ser trocado pois tinha bicho, comida estragada, fungo embaixo de tudo, uma coisa de dar medo.
Organizaram um bazar num galpão imenso com mais de 70 toneladas de objetos. Só de bolsa eram mais de 6 mil. A maioria nova porque elas estavam enterradas no meio de tanta tralha.
A dona da casa não sabia explicar como tudo aconteceu, mas acha que quando os filhos foram casando e saindo de casa ela foi substituindo o vazio por coisas, até perder o controle.
E como tudo começou? Com o velho e conhecido quarto da bagunça. Quem não tem ou nunca teve um espaço onde tudo é uma zona? Um lugar onde tudo é permitido ficar "esquecido", meio que abandonado, esperando a hora de servir para alguma coisa. Às vezes são também lembranças, baús, aparelhos de jantar, coisas repetidas, ferramentas, quadros, tintas, azulejos, fôrmas de bolo, carrinhos de bebê (vai que engravida de novo?), cadeira de praia. São tantas coisas. Realmente são muitas as coisas que acumulamos ao longo de uma vida. Mas, eu me pergunto, precisa mesmo guardar tanta coisa?
Já é uma pergunta difícil para respondermos sobre as nossas coisinhas guardadas por anos com tanto carinho (às vezes nem tanto), mas, imagina quando é uma bagunça alheia. O acúmulo de coisas do outro não faz sentido algum. Parece tudo tralha mesmo. É impressionante como seria tranqüilíssimo se desfazer das coisas dos outros. No caso do casal da Oprah o marido disse que tentou impedir que a mania de sua mulher crescesse tanto, mas preferiu ver a casa daquele jeito do que brigar com ela o tempo todo. Faz sentido! A convivência com a bagunça do outro tem que ser pacífica ou pode virar mesmo uma guerra.
O hobby do Marcelo é modelismo. Ele faz naves. Cada uma linda. Mas, para cada navezinha é uma montanha de pecinhas (estranhas para mim!) amontoadas. Não posso jogar nada fora antes de perguntar porque aquela tampinha de shampoo pode servir para a frente de uma supernave. Vai adivinhar! Tem um site de modelismo de um casal de americanos que eles fazem piada de como é o dia-a-dia deles: "Esse negócio na mesa é uma peça ou é lixo?"
Mas a verdade é que mesmo tendo algum sentido e sendo para alguma coisa futura guardamos coisas demais, por tempo demais. Se eu pudesse, guardaria todas as revistas que comprei na vida. Revistas são para mim como livros! Mas sei que não é bem assim. Algumas não vou ler nunca mais, nem folhear. Então hoje sou muito mais seletiva com o meu apego às revistas! Mas as bacanas eu guardo até o dia que eu ache que elas não são mais tão bacanas!!! Mas, para o Marcelo, com certeza, são apenas revistas velhas!
Cada um tem apego por alguma coisa e não tem coragem de se desfazer e vai acumulando. Eu conheço pessoas de todo tipo: as que compram demais, as que não jogaram fora lembranças como cartões de ex-namorados, as que pegam coisas abandonadas, as que acumulam monstanhas de papéis, as que aceitam tudo que oferecem e guardam mesmo que não tenha nenhuma utilidade, as que deixam as coisas quebradas para um dia (que nunca chega) consertar, as preguiçosas que não começam a separar nunca, as que fazem coleções, as como eu que gostam de todo o tipo de livros, revistas e jornais, as como o Marcelo, que têm algum hobby.
Às vezes coisas demais viram mesmo uma grande bagunça e bagunça precisa de tempo para ser arrumada. Somos tão apegados, tão agarrados a tudo como se fosse uma parte de nós!
Quando eu era adolescente a minha mãe ficava doida com a minha "coleção" de revistas, mas já há algum tempo não sou mais assim. É preciso abrir espaços para coisas novas, para o ar entrar, entrar mais luz, jogar fora o que não presta ou doar o que ainda pode servir para alguém. E até mesmo o tal quarto da bagunça pode ser um lugar cada vez mais com menos coisas. Essas coisinhas que ficam lá esquecidas, escondidinhas, empoeiradas...



Petrópolis






















sexta-feira, 25 de abril de 2008

quarta-feira, 23 de abril de 2008

salve Jorge


Oração a São Jorge


Eu andarei vestido e armado com as armas de São Jorge para que meus inimigos, tendo pés não me alcancem, tendo mãos não me peguem, tendo olhos não me vejam, e nem em pensamentos eles possam me fazer mal.
Armas de fogo o meu corpo não alcançarão, facas e lanças se quebrem sem o meu corpo tocar, cordas e correntes se arrebentem sem o meu corpo amarrar.
Jesus Cristo, me proteja e me defenda com o poder de sua santa e divina graça, Virgem de Nazaré, me cubra com o seu manto sagrado e divino, protegendo-me em todas as minhas dores e aflições, e Deus, com sua divina misericórdia e grande poder, seja meu defensor contra as maldades e perseguições dos meu inimigos.
Glorioso São Jorge, em nome de Deus, estenda-me o seu escudo e as suas poderosas armas, defendendo-me com a sua força e com a sua grandeza, e que debaixo das patas de seu fiel ginete meus inimigos fiquem humildes e submissos a vós.

Assim seja com o poder de Deus, de Jesus e da falange do Divino Espírito Santo.
São Jorge Rogai por Nós.

segunda-feira, 21 de abril de 2008

Amparo Johan convida: o casamento de Maria e Peter























Adoro casamentos. Acho um momento muito especial na vida de duas pessoas. Acredito totalmente em casamentos e no quanto eles podem fazer as pessoas felizes quando elas também acreditam nisso e investem para que isso aconteça! Nada se faz sozinho e uma andorinha não faz verão. Se não há dois investindo no dia-a-dia não há casamento feliz!
E a prova disso foi o casamento que fui ontem. Maria e Peter estão juntos há mais de dez anos e têm o filho gatíssimo Pedro e resolveram oficializar a união. A festa foi linda e emocionante, com uma energia que só duas pessoas muito entrosadas são capazes de gerar.
Tudo como qualquer casamento: noivo nervoso, a noiva linda, os convidados animados, declarações de amor apaixonadas. Mas a certeza de querer estar junto quando se está junto há tanto tempo fez o diferencial desse momento realmente especial, dessa história de amor maduro e tão fresco. Parceiros, cúmplices, jogadores do mesmo time, família na essência, comemorando tudo isso com muita alegria, animação e astral!
Parabéns! Pela vida juntos, pela sintonia fina, pela festa linda, pela parceria, pela gentileza.

terça-feira, 15 de abril de 2008

passa lá em casa...





A crônica da Fernanda Torres, na Vejinha desta semana, comenta a declaração da Mônica Martelli ao O Globo sobre a maior mentira do carioca: combinar e não aparecer.
Me lembrei logo do famoso "passa lá em casa". Isso é uma mania crônica e recorrente e mesmo tendo virado piada continuamos fazendo como se fosse verdade, acreditando mesmo que vamos aparecer, ligar, mandar e-mails.
Na semana passada encontrei um amigo que adoro, o Dario, numa pizzaria. Não nos víamos havia uns dez anos, pelos menos, e nos abraçamos mil vezes, naquela alegria de quem mata as saudades (quem nem sabíamos que existia!). Eu estava com o Marcelo e ele com uns amigos de trabalho, sendo um deles meu vizinho, o Lobato. Depois de muitos abraços e elogios intermináveis, trocamos cartões e a promessa de trocar e-mail. Saí toda feliz já pensando nas novidades que eu iria contar para ele e as que iria perguntar. Guardei o cartão com o maior carinho na minha gavetinha de cartões (sim, tenho uma gaveta de cartões, guardanapos com telefones e tal. Sempre que chego da rua com qualquer papelzinho de anotação logo coloco ali, para não perder!). Agora penso que talvez ele nunca saia dali e fique apenas fazendo companhia a outros mil cartões esquecidos.
Quantos almoços, visitas, praias, cinemas e chopes foram combinados (e jamais lembrados ou então marcados e desmarcados mil vezes, o que acontece muito também!) por esta cidade afora. Vivenciados só em teoria e jamais realizados. Nem você me liga, nem eu te telefono.
Quando vim morar no Rio eu estranhava demais, pois em Petrópolis não é assim (ou pelo menos não era!). E lembro que eu ficava triste, pensando que a pessoa havia furado comigo e não entendia que aquilo era apenas um hábito, um comportamento, uma cultura. Mas agora vejo que faço parte dessa animação toda de combinar mil coisas por combinar. Porque o carioca REALMENTE quer ver, fazer, mas, se fizesse, nem daria tempo de fazer tudo. São muitas coisas para fazer numa cidade como o Rio.
Sabemos também que tudo é uma questão de prioridade, mas são muitas as prioridades para um carioca! Todo mundo é muito amigo de todo mundo e não há tempo para todos. Eu vivo dando idéias de coisas que nunca vão adiante. Dois combinam e nenhum toma a frente e nada acontece. Talvez seja uma questão de atitude. Mas, ao mesmo tempo, se eu sair fazendo tudo que me chamam vão achar que sou maluca, pois por aqui chamar não quer dizer que seja para ir! Chega a ser difícil de entender, mas faz sentido quando se vê de dentro.

Talvez essa combinação toda também faça parte de um jeito camarada de ser que o carioca tem. Um jeito de ser amigo, irmão, brother. Abrindo as portas de casa, mesmo que só na ilusão, como uma forma de estar junto, tornar próximo.
Algumas pessoas gostam de chamar para ir na casa, falam o endereço rápido, ninguém anota nada e ainda insistem que vá. "Vai sim, vou te esperar". Um sabe que não vai, o outro sabe que não vai esperar e todos seguem numa boa
Quero fazer tudo que combino. De verdade! Pode parecer que não porque na maior parte das vezes não movo uma palha para que aconteça, mas quero sinceramente. Acho que é assim que funciona com todos. Existe um ritual de combinação e ele tem que existir para mostrar afeto, mesmo que nunca aconteça. Uma espécie de declaração de amor. Mostrar que se importa! E não deixar ao acaso. Quando sabemos, bem lá no fundo do nosso jeito carioca, que será - provavelmente - ao acaso, o nosso próximo encontro com outro carioca...

terça-feira, 8 de abril de 2008