terça-feira, 15 de junho de 2010

ô sorte

foto: reprodução

Sorte é uma coisa mágica. Considero ter sorte é a pessoa conquistar uma coisa incrível sem ter feito nada por isso. Assim, de graça. Uma coisa maravilhosa caída do céu.
E eu tenho uma sorte em minha vida: meu pai, que fez 80 anos domingo, dia de Santo Antônio!
Somos os melhores amigos. E isso foi sempre assim. Eu não precisei ser uma "boa filha" para ser assim. Dei sorte. Muita sorte!
Meu pai é um homem incrível, paciente, generoso, sábio, gentil, aberto, amigo dos amigos, divertido, gente boa, espírito jovem, alegre, educado, feliz, bem-humorado, calmo, honesto, tranquilo, simpático. Por onde passa, por toda Petrópolis, é cumprimentado com abraços. Um cara bacana.
Nunca me bateu, nunca gritou, nunca falou alto, nunca falou nada que me magoasse. Sempre me repreendeu com a maior firmeza do mundo, mas com respeito e cuidado. Sempre me estimulou, me incentivou e elogiou. Sempre me mostrou, com exemplos e palavras, o caminho do bem.
E alguns conselhos de pai - "você não é o centro do universo, mas sim da sua vida"; "se estão ali cochichando, a probabilidade de ser de você é mínima"; "gosta muito de alguma coisa? Não exagere muito, para poder fazer sempre"; "não tenha medo de aceitar as mudanças, pois se não gostar, volte"; "a única maneira de não ter arrependimento é dar o seu melhor"; "planejamento é o início de tudo"; "não é feio assumir que não gostou, mas primeiro tem que conhecer para saber a SUA opinião" - me fizeram confiar nele e em mim.
Meu pai fez sacrifícios por mim como qualquer pai faz, mas jamais cobrou. Jamais cobrou nada. Só doou, se doou.
O dinheiro não era muito, mas, leitora voraz desde pequenininha, eu tinha conta na papelaria, na livraria e no jornaleiro. E nunca, nunca, saí comprando tudo que via pela frente, embora fosse tentador. Pegava os livros, as revistas, as canetinhas e chegava toda animada mostrando para ele, que adorava a minha empolgação.
Sempre que quis alguma coisa, nunca ganhei na hora. Comprar por impulso não rolava na minha casa. E até hoje planejo tudo que vou comprar. Já morando no Rio, andando de circular pra lá e pra cá, ralando, fazendo teatro, estudando, trabalhando, ensaiando, achei que precisava de um carro. Meu pai disse para eu ir juntando o dinheiro, que, se precisasse, ele completaria. Vivendo apertada, comecei a juntar uma merreca que não daria nem para comprar um Fusquinha 66. Mesmo assim, fiquei animada. Mais de um ano depois, vendo a minha determinação em juntar a grana e o pequeno resultado em poupança, meu pai completou (!) 90% do meu Gol sambadinho, que me acompanhou por anos.
Histórias de um pai amigo, companheiro, amoroso, cuidadoso, incentivador, atento. Um pai que eu tenho a sorte de ter. Muita sorte. Tenho e sei que tenho. Dou valor a isso. Dar valor às coisas na hora (e aproveitá-las ao máximo), e não só depois que perde. Sim, esta é mais uma coisa que aprendi com o meu pai.

2 comentários:

Ana disse...

Ai... quanta emoção... aja coração!!! Liiiiiiiiiiindo demais!!! Só tenho que assinar em baixo e completar a sua fala com “seu pai é um anjo”. Só conhecendo para saber que não tem um pingo de exagero no que você falou. É tudo verdade e sou muito, muito feliz por fazer parte das pessoas que ele gosta. Viva!!! Beijos e parabéns de novo!!!

Dedé disse...

O difícil é encontrar alguém que o meu pai não goste, viu? Não conheço, ou nunca falou para mim...
Mas ele te adora mesmo! Ele e minha mãe são seus fãs de carteirinha, minha amiga-irmã!!!! :o)