domingo, 15 de junho de 2008

saia justa verde e rosa

foto: reprodução - arte: Josette Babo

Quando eu era pequena e morava em Petrópolis, o meu tio me levava, nas férias, à praia da Barra. Era o máximo! A praia para quem vive na serra era tudo-de-bom. Programa de petropolitano era ir para Cabo Frio. Nem sei se hoje ainda é, mas deve ser.
Mas, quando eu estava de férias na casa dos meus tios, na Tijuca, dia de semana não íamos à praia e sim à piscina. Meu tio era diretor, ou coisa assim, do Clube Municipal. Piscina era a minha praia, pois petropolitano é Ph.D. em piscina, afinal criado em uma já que não há praias em montanhas.
Era bom. Ia cedinho, brincava com amigos, corria para lá e para cá, nadava, aprontava, almoçava, tinha que esperar um pouco para fazer a digestão, brincava com os amigos, corria para lá, nadava, aprontava de novo e ia embora para casa só à noite.
Em Petrópolis também era assim um dia no clube, mas era legal estar em outra cidade, fazendo novos amigos.
Um dia aconteceu uma cena que me lembro como se fosse hoje porque eu não gostei nada e aquilo nunca mais saiu da minha cabeça. Sou gulosa. Estou sempre pronta para fazer lanchinhos, comer bobagens e coisinhas gostosas. A lanchonete do clube era um lugar que eu batia ponto várias vezes ao dia toda pingando de água de piscina. E numa dessas idas à lanchonete meu tio estava com uns amigos e olha para um senhor alto, que eu nunca tinha visto antes, e diz assim:


- Essa é minha sobrinha de Petrópolis e ela quer um autógrafo seu.


Ãh? Quis morrer. Não quero autógrafo nenhum desse senhor que eu nunca vi mais alto. Eu era pequena, não devia ter nem 10 anos, uma idade que você diz tudo na lata.


- Não quero não!


Não sei quem ficou pior se foi o meu tio, o senhor alto, ou eu, que a esta altura já tinha percebido que não devia ter falado aquilo. O clima mudou em segundos. O tempo fechou.
Silêncio. O senhor me pareceu metido. Mas quem não seria depois de ouvir uma falta de educação dessas?
Sei que o meu tio arrumou um guardanapo, passou para o senhor que autografou e me deu. Peguei o papel e li: "Jamelão". Agradeci, dei o autógrafo para o tio guardar e fui direto cair na piscina de novo. OBA!
Nunca mais vi esse autógrafo nem meu tio deu bola para o meu furo, nem nunca mais vi o Jamelão pessoalmente, mas toda vez que eu via o Jamelão na TV, e olha que isso foi nos anos 70, eu me lembrava dessa minha saia-justa verde e rosa. (Se eu pudesse voltar no tempo teria enchido o Jamelão de beijinhos!)


Aliás, não sei se foi trauma por causa desta história, ou por não gostar de autógrafos mesmo, a verdade é que autógrafo é uma coisa que não faz parte na minha vida. Mas, anos depois, já morando no Rio, numa festa em uma boate famosa dos anos 80, pedi o único autógrafo que tenho e foi para o maior jogador de futebol de todos os tempos: Zico!


E olha que sou vascaína...








Um comentário:

Anônimo disse...

Autógrafo é uma coisa bem interessante: ninguém tem coragem de pedir porque acha o maior mico, ficamos com receio de atrapalhar a intimidade da "celebridade" e, se conseguimos, ficamos felicíssimos!!! Pelo menos para mim... adoraria ter um caderninho cheinho de autógrafos de pessoas que fui admirando ao longo da vida... Por falar em admiração... me dá seu autógrafo?