sábado, 27 de março de 2010

bbb 10 e o preconceito às avessas ou o pré-preconceito

foto: reprodução

O BBB 10 é o mais interessante de todos os BBBs. O BBB 1 foi interessante porque era novidade e tudo era uma surpresa. Não precisou de nada para agradar às pessoas. Os outros não tiveram muita graça e parecia que os participantes iam preparados com seus roteirinhos e personagens montados para agradar o público e passar a perna nos adversários. Desinteressante.

A primeira vez que vi um BB foi em Portugal. Meu tio Agostinho era viciado, achava o programa incrível, se divertia horrores, torcia fervorosamente e não perdia um. Eu via e não entendia como alguém podia gostar daquela bobagem. Quando o programa chegou ao Brasil comecei a ver e a entender porque os realitys fazem tanto sucesso no mundo todo e também como são esculachados de uma maneira tão agressiva (menos galera, menos, ou ficam parecendo os participantes do BBB que vocês criticam tanto!). Como pode um simples programa ser tão polêmico. A começar por seu apresentador.

Pedro Bial, depois de 10 anos como mestre de cerimônias, ainda tem que responder porque faz esse trabalho para aquelas pessoas (geralmente intelectuais, afinal é feio e pobre ver BBB) que não aceitam ver um jornalista sério, que cobriu guerras e foi um correspondente tão conceituado, apresentando um programa tão popular, com "pessoas tão desinteressantes e sem nada para acrescentar". Quanto preconceito que rola. E é assim que se vê o preconceito nestas "pessoas tão interessantes e com tanto para acrescentar", porque quando é preconceito racial ou sexual as pessoas sabem que não devem ter, que não podem ter porque pega mal. Então jogam os seus preconceitos no que podem, como um programa popular, por exemplo, ou uma novela, ou qualquer outra coisa pop demais.

Provalmente o Bial ganha um salário maravilhoso para fazer isso, mas apresentar um reality show só prova que é um cara aberto, sem preconceito. Coisa difícil neste país.

E acho esse BBB10 interessante exatamente por causa desta discussão diferenciada sobre o preconceito que ele acabou causando.

Quando era para ser uma edição gay, aparece na jogada um ex-BBB, o Dourado - por acaso ou por sorte (Dourado não teve nenhuma sorte durante o programa porque gastou toda a sua quando entrou!), porque podia ser a Fani, ou a Nat, ou Josi -, o cara mais ogro da história do BBB, e desfaz tudo. Por quê? Por preconceito. Mas não o dele com os gays, mas de todos com ele. O preconceito de todos os participantes com ele por ser um ex-BBB foi tão grande, mas tão grande, que o grosseirão ficou sofrendo isolado, causando pena geral de quem assistia. E pena faz milagres.

As pessoas rejeitam as pessoas com a maior facilidade, mas não gostam de ver as outras pessoas rejeitarem ninguém. E foi o que aconteceu. E preconceito por preconceito levou vantagem o que sofreu primeiro, apesar de fazer os outros sofrerem depois também. E de preconceito em preconceito, de algoz a vítima, Dourado é o favorito de levar um milhão e meio para casa.

E como a fama do Dourado é de ser machista, grosso, homofóbico, porco, pit bull, ninguém pode falar que torce por ele, só que todo mundo torce, ou ele não estaria ganhando todos os paredões que vai. Não é estranho? Não é estranho. É só um outro lado do mesmo preconceito de sempre.

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