quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

tirando o dia para matar as saudades


Hoje fui visitar uma amiga querídissima que eu não via havia muito tempo. Nossa amizade foi à primeira vista e nos divertimos muito juntas. A vida sempre foi muito generosa com a gente e vivemos momentos de muitas alegrias e puro rock and roll. Mas 2007 foi um ano difícil para nós duas, por motivos diferentes mas igualmente marcantes.
E passamos uma tarde inteira juntas, no jardim de sua casa linda, sem reclamar em nenhum instante sequer das barras que enfrentamos, apenas entendendo que a vida é assim. Às vezes tudo está tão bem, às vezes não está nada bem. Que as surpresas virão e isso é para todos. E que certas limitações não impedem ninguém de se divertir. E quando a barra pesa, existem duas opções: enfrentar ou enfrentar. Vida dura que segue feliz!


quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

silêncio

Para Micael e Verônica, todo o meu carinho.

terça-feira, 29 de janeiro de 2008

a moça do metrô

foto: David La Chapelle

Hoje, quando eu estava saindo do meu exercício ortóptico, uma moça estava sem saber o que fazer, pois ela foi fazer um daqueles exames que dilatam as pupilas e não estava enxergando nada.


- Quer ajuda? - perguntei.


Sim, ela quis. E lá fui eu levar a moça ao metrô. A moça era bonita, loura, de cabelão. Conversa vai, conversa vem, sempre apoiada no meu braço, ela me contou sua história. Um dia sentiu uma bolinha na pálpebra inferior, pensou ser nada de mais. Mas era. Por fora era só uma bolinha, mas por dentro a face estava toda tomada por um câncer. Prognóstico: ou operava logo ou daria metástase dali a 6 meses. Não queria operar. Não queria o seu rosto desfigurado. Tinha medo. Viver feia era morte em vida, era preferível mesmo morrer de uma vez. Mas uma cirurgiã plástica apareceu com boas notícias. Existia a chance de uma cirurgia de retirada do câncer e reconstrução da face puxando o tecido do pescoço. E foi feito. Morfina, cortisona, dois meses sem falar, praticamente sem comer e muitos outros sacrifícios e outras cirugias repadoras, a moça está aí para provar que milagres existem, inclusive o milagre da medicina.
Eu juro. Ou ela estava mentindo, ou eu estou cega, ou a médica foi um gênio. A linha do corte é mínina e muito sutil. Uma coisa mesmo incrível. Vai desde o vínculo do sorriso, dando a volta na dobrinha do nariz até o olho. Trabalho de mestre. Até anotei o nome da médica, pois a gente não sabe o dia de amanhã. Deixo a moça no metrô, ajudo-a comprar o tíquete, desejo muitas felicidades e sigo o meu caminho.
E venho para casa pensando no quanto a aparência é importante. Para todos, mesmo para os que jurem que não. Para quem olha ou para quem tem. O quanto as pessoas são julgadas, perdoadas, castigadas. Olhamos e avaliamos pelo que vemos. Os bonitos são felizes e sem problemas. Os feios são uns pobre-coitados. Os bonitos têm o mundo aos seus pés. Os feios são esquecidos e sem chances. Os bonitos são cheios de saúde. Os feios são um saco. Quem iria achar que a Carolina Ferraz seria uma pessoa doente, se fosse? Quem acreditaria que o Gianechinni não teria sorte no amor, se não tivesse? São bonitos demais para ter esse tipo de problema. Ao mesmo tempo, que bonito quer ser feio? A moça do metrô preferia morrer a ficar feia, mas agora que ela continua linda, quem acredita que ela sofreu tanto? A gente sabe que não é assim que funciona, mas é assim que funciona no final. Quando vemos uma pessoa com alguma deficiência a primeira impressão é de infelicidade. - Ah, coitado. Algum problema físico sempre causa estranheza, como se não fosse possível ser feliz naquela condição. Acho que a nossa relação com a aparência está muito estranha. Estamos valendo pouco demais e estamos jogando alto demais por muito pouco.
A aparência diz tudo, mas a moça do metrô precisou me contar tudo que o rosto dela escondeu, para eu saber quem ela realmente era. A sua história triste passa a ser bonita se ela está bonita no final. Se ela estivesse feia a história triste dela seria realmente triste. Será que as outras moças que ficaram feias não podem ter histórias tristes com outros finais felizes?

domingo, 27 de janeiro de 2008

sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

Frank & Johnny


O gângster e Meu nome não é Johnny são dois filmes baseados em fatos reais que contam a trajetória de dois traficantes poderosos. Frank é vida torta desde sempre, com metas de ser o melhor, até ser. João vai deixando as coisas acontecerem, só deixando rolar, até ser.
Vendo o O gângster não teve como não lembrar de Meu nome não é Johnny. Claro que o americano é todo em proporções muito maiores. São duas superproduções proporcionais à quantidade de droga que os dois traficantes moviam. (Não vou ser estraga-prazeres (é muito chato quando me contam um filme que eu ainda não vi), mas posso dizer que o filme do Ridley Scott tem também mais a visão da polícia, coisa que o Johnny não tem já que é feito em cima do relato de João Estrella.) Mas os caminhos são os mesmos, a rota da droga a mesma. O cara solitário, o poder, a droga pura, muitas festas, policiais corruptos, extorsões, namorada linda, as operações da polícia.
Os dois filmes são ótimos. Cada um com sua "mesma" história. Depois de ver a história de um traficante americano super bem filmada por um diretor conceituado, achei o Meu nome não é Johnny melhor ainda do que eu havia achado antes (e eu tinha adorado!). Não porque não gostei do Gângster, pelo contrário, gostei muito. É que o do Mauro Lima tem a nossa cara, é uma superprodução do nosso tamanho. E isso o torna maravilhoso. E é tão bom ter identidade, é tão bom ser autêntico, é tão bom ser carioca, contar bem uma boa história do nosso bom jeito. É tão bom ter um bom cinema pra chamar de seu!

quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

parando de fumar


Essa é a minha teoria para parar de fumar e ela é infalível na prática:
(A primeira coisa é querer e a segunda é tentar. Claro!)
É preciso saber que tipo de fumante você é:

1) fumante/boca
2) fumante/pulmão
3) fumante/mão

O fumante/boca é o que tem prazer quando está puxando a fumaça. Para esse tipo de fumante é necessário balinhas de hortelã, chiclete, tudo que distraia a boca. Esse é o que costuma engordar quando pára de fumar. Mas dá para encontrar coisas não engordativas para mastigar.

O fumante/pulmão é o que gosta da fumaça entrando, enchendo o pulmão. Esse deve andar com uma garrafinha de água para sempre que a vontade de fumar chegar. Parece estranho? Funciona e muito.

O fumante/mão é o fumante social. Que é mais hábito que vício. É o cigarro na mão. É o movimento. Tente ocupar as mãos, faça trabalhos manuais, coisas do gênero.

Algumas pessoas podem ter uma, duas ou as três características.

Para dar errado de cara a tentativa de parar de fumar é não saber que fumante é você. Se tentar pelo método errado não vai rolar e vai desistir de cara. Parar de fumar é umas das coisas mais difíceis do mundo. Mas se descobrir por qual caminho e realmente quiser, não vai precisar de remédio, de adesivo, de terapia, nada. Talvez uma acupuntura ajude.

Depois também é necessário saber se se tornou um ex-fumante que pode arriscar uns tragos numa festa ou quando bebe e não voltar a fumar ou é daqueles que é melhor ficar longe do cigarro ou é recaída total no dia seguinte.
E outra coisa, a vontade de fumar dá. Mas também passa.

Só experimentando para saber. E ninguém melhor do que você para saber. E outro conselho básico e fundamental. Não conte para ninguém que resolveu parar de fumar. Fique na sua, vá aos pouquinhos. Dizem que as pessoas só conseguem na quinta vez. Mas é bom saber que se tentar quatro, o grande dia chegará.

E lembre-se, nada substitui uma boa tragada, diferente de uma dieta que se troca uma coisa calórica por uma light, mesmo não sendo tão bom, mas não se morre de fome. Nada substitui o cigarro. Mas substitui o prazer que ele dá, e é aí que entra o tipo de fumante. Tente. Não custa nada. Aposto que você vai se supreender!

Fumar é bom. Mas não fumar é muito melhor.