de bem com a vida

Quando o aneurisma rompeu e fiquei de licença, tudo era muito protegido, tudo era muito delicado, as pessoas sempre com muito respeito pela minha situação. E fiquei por muito tempo nesse mundo encantado dos que estão em recuperação. Muita atenção, carinho e muita paparicação.
Depois, quando voltei para a vida real, tudo parecia para mim muito duro, muito desrespeitoso, tudo muito superficial e absurdamente com os valores todos errados. Quem dá mais?
A maioria dos motivos de estresse do mundo é pura bobagem, coisas sem a menor importância real. É só reparar. Nada que valha a pena. Mas muitos brigam muito por todas essas coisas.
Pessoas se atacando por coisas à toa, fofoca, empurrões, falta de respeito, crueldade, impaciência, estresse no trânsito, sacanagens de todos os tipos por todos os lados, pressa, inveja, ganância.
E não há como pensar: "será que essas pessoas só vão aprender a viver quando quase morrerem?"
Espero que não. É tão bom viver. É tão bom ter saúde. É tão boa a sensação de bem-estar.
Só que ninguém presta atenção nisso, não dá tempo, de tão preocupados com suas posições, seus poderes, sua pressa de chegar em primeiro lugar.
Sei que não vou conseguir convencer a ninguém o quanto é bom só viver bem, curtir as pessoas, estar de bom humor, de bem com a vida e aproveitando cada minuto.
Só espero que o mundo real não me convença do contrário. Não quero ficar tão ocupada a ponto de nem perceber que não estou vivendo.
Para mim, sentir a vida é que é viver. E não demonstrá-la, disputá-la, ganhá-la a tapa. Perfeita em um porta-retrato, mas vazia e estressante em seu dia a dia.