quarta-feira, 26 de maio de 2010

a insustentável carência do ser

foto: reprodução

Quebrei o segundo dedinho, da esquerda para direita, do pé esquerdo com uma topada dentro de casa, em uma cadeira que não deveria estar lá.

Não levei muita fé que fosse sério, então não fui ao médico. Como não melhorava, fui na Clínica São Vicente numa manhã de um domingo ensolarado.

Depois de muitas radiografias do dedinho, já a esta altura duro, vermelho e inchado, o médico de plantão diz:

- Duas notícias: uma boa e outra ruim.
- A ruim primeiro, eu disse.
- O dedo quebrou mesmo.
- Ah, não! E a boa?
- Já está calcificando.
- Caramba, essa é a boa? - Que medo - pensei -, torcendo para estar calcificando certo, ao menos!

E depois de medicada e imobilizada, estou em uma semaninha de cuidados extras com o pé. Daqui a uma semana volto à clínica para ver se está tudo bem e estará.

Quando eu morava sozinha, sempre que ficava com problema de saúde, sonhava com alguém cuidando de mim nestas horas que ficamos doentes e carentes. Alguém para trocar curativo, comprar remédios, dizer que tudo vai ficar bem. Alguém do meu ladinho, abraçadinho para eu esquecer da dor.

Mas agora, mais madura e mais experiente, que tenho alguém fazendo tudo isso por mim, sei que tudo isso pode ser muito bom de verdade, mas sei também - mais do que qualquer sonho carente de doente - o quanto é importante mesmo é ser independente, saber cuidar de si próprio. Em todas as horas, inclusive nas mais difíceis. Ter carinho e poder contar com as pessoas é maravilhoso, mas ser dependente disso para viver, não.

E essa independência se torna mais importante a cada dia conforme o tempo passa e a idade vai chegando. (E ela chega para todos!) E nada mais livre do ser independente. Saber se virar, mesmo sem perfeição.

Ser independente é uma prova de amor. A nós mesmos.


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