segunda-feira, 20 de abril de 2009

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foto: Marcelo Glenadel

Hoje no Digital do O Globo, o fotógrafo Fábio Seixo, em sua estreia como o novo colaborador do jornal, comenta a febre das pessoas em fotografar tudo e todos o tempo inteiro. Inclusive, ele está fazendo um ensaio sobre isso e registra pessoas fotografando pelo mundo todo para a sua primeira exposição.

Sempre gostei de fotografia. Fiz vários cursos na adolescência e na época da faculdade, mas há dois anos que eu também entrei para o time das pessoas que fotografam tudo. Tudo que me interessa, claro, e o que diz algo sobre mim. Como precisei parar de correr, substituí o tempo que me dedicava à corrida para a fotografia, brincando dizendo que havia chegado a idade de sair da frente da câmera para atrás da câmera, o que não deixa de ser verdade.

A fotografia foi a minha grande companheira nos tempos difíceis da recuperação e através dela eu me vi cada vez mais e mais viva, com a mesma sensação de prazer que a corrida me dava.

O meu olhar sobre a vida mudou. E fotografando eu posso mostrar como me sinto. Mostrar a beleza que eu vejo no dia a dia. A minha beleza. Para os outros e para mim principalmente. Uma forma de viver o que é bom duas vezes. Eternizar em detalhes. Não é à toa que gosto de fotografar em macro. Não é à toa mesmo. Aproximar. Estar perto. Cada vez mais. Apenas do que importa. Os detalhes dizem muito.

No artigo, Fábio Seixo questiona se as pessoas vivem os momentos, ou apenas fotografam, e cita principalmente os turistas japoneses que "não vão aos lugares - eles simplesmente fotografam os lugares".

A popularização das câmeras digitais realmente mudou muito o custo/benefício e o que era um hobby caríssimo hoje sai praticamente de graça a partir da compra da câmera e o que será feito com isso, só Deus sabe, mas ainda creio que serão mais coisas legais que ruins. E algo que me diz que as pessoas que não vão aos lugares e apenas fotografam é por falta de sensibilidade e não por excesso de câmera.

Uma fotografia diz muito de uma pessoa. Em uma única foto pode estar vaidade, sensibilidade, senso de humor, personalidade, beleza, simplicidade. A maneira de ver o mundo, a vida e as pessoas. Se expressar.

Hoje viajar para mim tem outro sabor. São duas viagens. O lado viajante, curtindo tudo e fazendo várias descobertas, e lado fotógrafa, captando imagens, sensações, luzes, olhares, movimentos, cores. E trazer junto comigo, além de todas as lembranças de viagem, o meu olhar único sobre aquele lugar, minhas impressões e as minhas emoções representadas em fotografias. Viver, apertar o botão, eternizar e reviver. A vida em um só clique.

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