quarta-feira, 20 de agosto de 2008

ai... as crises

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Um amigo está na crise dos quarenta. Diz que se sente no meio da vida e que isso dá um certo medo. Está cheio de planos, fazendo mudanças boas em sua vida e adorando a possibilidade de novos horizontes. Nem queria comemorar o aniversário, mas vai. Talvez mesmo para sacudir essa tristezinha e dar boas-vindas a esse novo ciclo.
Por que a vontade de mudar acontece em pessoas que batalharam tanto para estarem onde estão? Não seria mais lógico seguir dali? Meu marido, perto dos quarenta, mudou radicalmente de profissão e recomeçou do zero. Talvez o medo de ficar estagnado soe como morte, talvez viver sem paixão seja quase insuportável, talvez fazer a mesma coisa por anos pareça acomodação.
Cada pessoa tem um jeito de encarar, mas a crise é de todos. Lembro que aos 25 anos eu tive uma crise horrível, cheia de cobranças. Eu, recém-formada, achava que já deveria estar com a vida estruturada. Imagina! Era muita imaturidade mesmo. Agora, olhando para trás, vejo o tamanho da bobagem. Mas na hora da crise o bicho pega e não há nada que faça o parar.
A crise é boa para repensar algumas coisas, olhar um pouco de fora, arrumar a casa, movimentar o que está parado, frear o que está desgovernado, entender o que está acontecendo. Às vezes é só mesmo uma questão de olhar com outros olhos, olhos de paciência. Olhos bons. Algumas vezes a vida está boa sim e nada precisa ser mudado. Tocar a vida simplesmente é para poucos. Estar feliz dentro da própria vida é para quase ninguém.
Mas não estar satisfeito é para todos. Essa insatisfação é que faz mexer em coisas desnecessárias, mudar coisas só por mudar apenas para ter a sensação de estar fazendo alguma coisa interessante, achar um sentido real para a vida. Precisamos saber a hora de apenas viver e ir em frente. Mudar pode não significar nada. Ser capaz de saber a hora de tomar a decisão de mudar ou não é a verdadeira mudança.
E a maior mudança da vida chama-se amadurecer.

Um comentário:

Dea disse...

Nossa!!!vc soube falar tudo!!È exatamente isso.As mudanças são necessárias sim, mas as verdadeiras, são para poucos.
Mudar simplesmente só para dizer q mudou, é como trocar uma roupa, de nada vale, passa um tempo e a insatisfação volta.
As verdadeiras mudanças nos pegam num momento em q a gente acha que nada mais iria acontecer, em uma segunda-feira qualquer...
Muito bom o texto.
bj
Grande