segunda-feira, 4 de agosto de 2008

justiça cega

foto: reprodução

Hoje andei a pé por toda a Voluntários da Pátria. Vi muitos mendigos dormindo em papelões amassados, com suas vidas inteiras enfiadas em sacolas de supermercado rasgadas, debaixo de marquises de lojas fechadas. Não estavam em grupos. Estavam sós. Cada um em alguma altura da rua.
Já passava do meio dia.
Dizem que a gente se acostuma a esse tipo de cena. Só se acostuma quem se distancia. Só se distancia quem não quer se envolver. Por medo, descaso, indiferença ou mesmo por compaixão.
Ou para não sofrer!
Se não me envolvo, não sofro. Como um escudo de proteção para a realidade cruel. E o mendigo ali, imundo e fedendo, se torna invisível. Mas eu não me acostumo. E sofro.
Fico imaginando o dia-a-dia miserável dessas pessoas. Sem cama, sem banheiro, sem banho, sem remédio para dor, sem água, sem fotos, sem lembranças que valham a pena, sem afeto, sem voz, sem opinião, sem razão, sem respeito algum. Sem passado, presente, futuro. Sem nenhum sonho.
Sem paz.




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