o artista e o elogio

quadro: Wagner de Miranda

Por mais que a gente não dê bola para a opinião dos outros, a gente dá. Por mais que a gente tente não se magoar com palavras ásperas, a gente se magoa. Por mais que a gente tente ficar com ego calmo quando o elogio é alto, a gente fica numa alegria só! Essa é a verdade do ser humano! Porque para não ficar muito triste com ofensas seria também necessário não ficar muito feliz com manifestações de amor explícito. Então, é um pacote. Para se ter um, leva-se o outro junto. O mecanismo é o mesmo e mexe com as mesmas sensações quando se trata da opinião dos outros!

Seria possível se importar só com as boas opiniões e nem ligar para as ruins? Acho que não. Não mesmo. Nem anos de terapia fariam que soubéssemos separar tudo isso. Então o jeito é aceitar que somos assim, tentar dar um peso maior para o que é relevante, dar valor só quando a pessoa que fala é importante para nós e saber receber elogios de uma maneira superior a que recebemos as opiniões ruins.
Algo assim: a opinião de uma pessoa é só a opinião de uma pessoa e não fala uma verdade sobre nós. É a VERDADE dela sobre NÓS. Ponto e pronto!


Mas, se a pessoa é uma pessoa que amamos, aí já tem peso dois. Se a crítica é ruim, encaramos como construtiva, se é maravilhosa, saímos para comemorar como a vida é bela! Se a pessoa for só uma pessoa, vamos encarar como uma opinião entre tantas outras, mas, se a opinião for boa, ótimo e vamos ficar felizes, se for ruim, vamos esquecer rápido! Ficamos combinados assim!


É preciso saber receber elogios. Ficamos muito chateados e remoemos por dias um cartão vermelho. Mas o elogio se dispersa em dois tempos. Então vamos exercer o dom de esticar a sensação de ser amado, admirado, reconhecido, seja por nós, pelo nosso trabalho, pela nossa beleza, por que não?
A vida é assim, para todos. Em algum momento alguém vai agradar a outro alguém, e em outro, não. Não há nada a fazer.

Adoro fazer elogios e nada me escapa. Trabalho, beleza, comida, atitude, performance, roupa, o que for. Gostei, elogiei. Sempre fui assim. É a minha natureza. Com os meus amigos é sempre muito natural esse tipo de estímulo e está sempre por perto na minha vida.
É natural para mim e da mesma maneira que elogio muito quando gosto e admiro, também sei agradecer e ficar feliz quando recebo um elogio bacana, mas essa semana recebi um elogio que me arrepiou e me deixou emocionada para sempre.



"Hoje pensei em você o dia todo. Tenho lido o seu blog e me emocionado demais. Lendo o que você escreve e vendo as suas fotos, tenho rido, chorado, pensado. É como se eu te reencontrasse a cada linha, a cada imagem. E é um reencontro onde me vejo orgulhoso de quem você é e de ser teu amigo.
No Rei Lear, o Bobo diz que a maior tragédia de uma vida é a maturidade chegar desacompanhada da sabedoria. Eu sempre tive muito medo que isso acontecesse comigo, e fico com muitas esperanças, através de seu blog, que isso não aconteça. Você está maravilhosa, sábia, cheia de vida e eu me orgulho de um jeito que não dá pra explicar. Esperança. Você me dá esperança.
Hoje acordei e pintei o dia todo. E amanhã também vou fazer isso e sair pela Paulista e tomar um chocolate pensando em você. E vou olhar pro mundo com paixão, como você me ensinou. E vou voltar a ser o artista que sou porque você deu esperança. Obrigado. Te amo."



Opinião dos outros? Sim, importa. Mas são essas as opiniões sobre nós que têm valor. Das pessoas que nos amam. Das pessoas que amamos. Isso tem um valor maravilhoso. Isso nutre a alma e o mundo. Esse amor e essa conexão.
Fiquei feliz demais (e não vou contestar o que considero um exagero!!!) em tocar um artista e um amigo tão profundamente como ele me toca com seu talento, suas idéias, sua sensibilidade, sua beleza, seu caráter e seu amor! Obrigada. Te amo.