terça-feira, 8 de janeiro de 2008

Dorian Gray


Ontem passou um filme na TV chamado Dorian. Era com Malcolm McDowell e passado em Nova York. O cara da vez era top model. Me lembrei da primeira vez que li (li duas) O retrato de Dorian Gray, de Oscar Wilde. Achei aquilo tão moderno, ousado, trágico, intenso, tenso. Era um desses livros comprados em banca, capa molinha, com um desenho de terror daqueles bem horríveis. Depois vi o filme de Albert Lewin, de 1945. Lembro que na época em que vi, anos 80, adorei o climão que o filme tinha. Claro que o meu Dorian era muito mais lindo - e monstruoso - que o do filme, como sempre acontece quando a imaginação do livro vai para a tela.
Aquele cara na Inglaterra do século 19, disposto a tudo para não envelhecer, cedendo aos caprichos do seu mecenas, tem tudo a ver com os dias de hoje! O artista, Basilio Hallward, faria o maior sucesso por aqui onde a vaidade é, para alguns, tudo.
Fiquei curiosa e fui para o imdb pesquisar e dei de cara com muitas e muitas filmagens de Dorian Gray para o cinema e para TV sendo a primeira em 1913 e a última em 2006. Sendo mais precisa, são mais de 20! E ainda curiosa fui para a página do Malcolm McDowell. O papel dele em Laranja Mecânica é tão absoluto que a impressão que dá é que não fez quase mais nada, mas a produção é imensa. Só para 2008 já tem três filmes engatilhados.
O filme de ontem não fazia juz a um Oscar Wilde absolutamente moderno para 1890, e para sempre, na verdade. Fica até chato dizer que é baseado na obra, por isso o personagem do Malcolm McDowel apenas cita o livro do decorrer do filme, para não ficar mais chato ainda. A modernidade é uma coisa incrível. E dá gosto de ver. Mas é para poucos. Todo mundo sempre vai atrás da fórmula pronta e só faz sucesso quem rompe justo essa fórmula. Sempre tem um quê de despudor, de se despir, ficar pelado em público, exposto ao julgamento de qualquer um. As pessoas querem que as coisas sejam bonitinhas e certinhas, mas no fundo querem mesmo a verdade mais cruel. Pois é essa que diz alguma coisa, aproxima um homem do outro. Oscar Wilde penou! E ficou bastante pelado para a época! E é inspiração até hoje!
Acho que vou procurar agora o meu livro de capa molinha e ler Dorian Gray mais uma vez!


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