segunda-feira, 8 de setembro de 2008

a ponte


Um tempo atrás vi o documentário A ponte, de Eric Steel, sobre os suicídios na ponte Golden Gate, em São Francisco. A equipe filmou, durante um ano, de vários ângulos, a agonia de várias pessoas. Quando algum movimento parecia estranho, eles avisavam ao controle da ponte e conseguiram evitar (poucos) suícidios.
O número de mortes (não me lembro agora) é muito grande, imenso. Só essa informação já seria assustadora, mas ver é desesperador. Quando fui dormir, não consegui. O coração batia forte, a pressão na cabeça era enorme e as questões existenciais maiores ainda.
Quando vi, neste final de semana, o documentário de Annie Leibovitz, passou o trailer de A ponte. Na hora tive a mesma sensação horrível que havia sentido naquele dia. E mais uma vez fiquei mexida.
Sentindo uma sensação tão punk, na hora eu me perguntava porque não desligava o DVD enquanto era tempo. Mas não, vi até o fim. E até hoje me pergunto, sem ter uma resposta que me convença.
Talvez eu tenha me apegado àquelas pessoas, talvez eu tenha esperado para ver se seriam salvas (de uma maneira ou de outra) ou apenas não resisti ao fascínio da morte.
Por que uma coisa tão presente, por que uma certeza tão forte, causa tanto medo?
Por que a única certeza que nós temos na vida é também o maior mistério. Talvez exista na vontade de desvendar o mistério da morte uma esperança de dribá-la para sempre.



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