quinta-feira, 20 de março de 2008

caixa livre


Se compramos os ovos de chocolate com antedência eles ficam moles com todo esse calor. Se ficam à vista são devorados, como acontece aqui em casa. É só olhar para um chocolate e, pronto, 1 x 0 para o chocolate! Mas se deixamos para comprar em cima da hora, não há mais nada do que gostaríamos de comprar.
Às vezes eu penso que não vou dar chocolate, que tudo isso é uma bobagem, que é melhor dar outra coisa, mas, no final, quem resiste? Tem uma loja em Petrópolis, a Willemsen, que é a minha paixão. Amo. É tudo lindo e gostoso. Uma loucura. Há duas semanas passei por lá, fiz as minhas comprinhas de Páscoa, loja sem tumulto, um sucesso. Mas, claro, nunca é o suficiente, pois chocolate sempre cabe mais um e lá fui eu hoje, para brindar a chegada do outono em pleno verão, dar uma olhadinha nas lojas do caminho.
A Cacau Show estava engraçada. Fila na porta, segurança deixando um entrar por vez, porta trancada e nada dentro. As prateleiras vazias, com meia dúzia de coisas de chocolate branco e nada mais. E lá fui eu para a Kopenhagen, sonhando como uma colomba. Nada. Quase mais nada de Páscoa. A loja lotada. Muitas atendentes, muitos clientes - muitas clientes, na verdade, todas mulheres - e quase nenhum chocolate. Mas, como na Kopenhagen tudo é bom, não precisa ter formato de ovo para fazer sucesso. Escolho as minhas coisinhas.

A mocinha pergunta:

- É para presente?

- Sim, respondo.

- Junto ou separado?

- Separado.

Pago, entrego a notinha, ela lê até a última palavra e me entrega as duas sacolinhas separadas com os meus presentes. Presentes? Olho com uma cara de surpresa. O papel de presente acabou e elas não falaram nada e colocaram uma etiqueta em cima do chocolate. Superembulho! Muito engraçado. Para não dizer estranho. Acabou tudo, mesmo, inclusive o papel de presente.
Uma ida às Lojas Americanas para fechar o pacote. Olho da porta. Olho mais pouco. Dá para arriscar. Quando dei o primeiro passo não tinha mais como desistir porque fui carregada pela multidão. Uma cidade de ovos de Páscoa, em cima, do lado, nos carrinhos. Um paraíso de chocolate, embora um pouco congestionado. Olho para a fila. Vazia. Olho para a loja. Lotada. E fiquei pensando se aquela galera toda fosse pagar ao mesmo tempo eu desistiria, senão, compraria. Olhei algumas coisinhas enquanto a mocinha gritava enlouquecidamente as promoções no microfone. Desvio da multidão chocólatra, faço as minhas últimas comprinhas e vou para o caixa. Ainda pego uma revista para manter o vício.

- Caixa livre - grita a mocinha.

A máquina do cartão estava demorando e ficamos batendo papo sobre o movimento que as lojas têm nesta época. Ela me conta que estão fechando à meia-noite de tanta gente comprando. Caramba, penso eu, a coisa é séria! Conto para ela que uma amiga minha, que tem uma loja de chocolate, está tendo pesadelos onde ela fala o tempo inteiro: "débito ou crédito, débito ou crédito", tamanha a loucura.
Aí a mocinha diz que é bom para a minha amiga porque é só nesta época que ela fica assim porque eles, nas Lojas Americanas, têm altos pesadelos com esse clássico "caixa livre"! Sonhos horríveis!
Quem já foi às Lojas Americanas sabe como esse "caixa livre" pode ser irritante. Eles gritam o tempo inteiro e alto demais. Se já é ruim para nós, imagina para eles que ficam gritando e ouvindo os gritos dos outros. Isso deve ser uma tortura!!! E eu fiquei só imaginando a situação, enquanto pagava e ouvia aqueles "caixa livre" numa seqüência sem fim!
Vim para casa carregada de chocolate e com o monstro "caixa livre" na cabeça, que grudou em mim como música ruim! Caixa livre, caixa livre, caixa livre, caixa livre.
Nunca mais deixo para fazer as compras de Páscoa em cima da hora.

Nem vou às Lojas Americanas tão cedo...

Nenhum comentário: