quinta-feira, 13 de março de 2008

a escolha e a conta


A vida é feita de escolhas, isso a gente aprendeu e já sabe. Também já sabe que não pode ter tudo. Que para ter uma coisa tem que abrir mão de outra. Na vida é assim. Mesmo que a gente queira tudo, não é permitido ter, mesmo que você seja muito poderoso, mesmo que você seja muito rico, mesmo que você seja o governador de Nova York nunca poderá ter tudo.
A vontade de fazer sexo com uma jovem bonita e bronzeada levou à renúncia (e talvez a uma possível prisão) do governador de Nova York, Eliot Spitzer.
O democrata, que é advogado formado em Harvard, tem 48 anos e é casado há 21 com uma advogada da mesma idade. Eles têm três filhas adolescentes e moram na 5a avenida. Comercial de margarina total. Mas às vezes a escolha pela felicidade não garante a satisfação.
Há pelo menos 8 anos ele contrata um serviço de prostituição. Nos últimos quatros meses gastou 80 mil dólares com garotas de programa. A tal garota bonita e bronzeada custou ao político U$ 4.300, por duas horas e meia de prazer. O dinheiro saiu do bolso dele e não do governo. Este dinheiro foi ganho com muita ralação combatendo a corrupção! O cara trabalha muito e faz o que quiser com o dinheiro suado dele.
Mas só que não é assim que funciona a teoria da escolha na prática. Ele é casado e além de combater a corrupção de Nova York, também fechou uma rede de prostituição das ruas. É casado e transa por aí? Fecha uma rede de prostituição e usa outra?
O Domingos de Oliveira diz que o problema do casamento não é escolher uma mulher, mas sim não poder mais ficar com as outras.
Então o que faz o cara que quer envelhecer ao lado da mulher amada mas tem vontade de transar com outras mulheres? Tem vontade de realizar seus sonhos eróticos? O que o governador deveria ter feito? Nada? Procurar terapia? Reprimir seus desejos? Respeitar suas escolhas, seus pactos, suas promessas, sua mulher, suas filhas, seus eleitores? Seduzir uma estagiária? Sentar sozinho num bar disfarçado e paquerar? Pedir a um amigo para apresentá-lo a alguém? Contratar esse tipo de serviço deve ter sido a opção mais discreta que ele achou. Ele foi um fraco por não resistir aos seus desejos proibidos ou ele é um cara de fibra por ter coragem de pôr tudo a perder em nome de um prazer?
Se o seu segredo não viesse a tona ele continuaria sendo o mesmo homem de família, combatendo o crime em Nova York. Numa sociedade pecadora e sempre pronta a acusar e a julgar às vezes parece que o grande crime é ser pego, ter o segredo revelado. A sociedade cega valoriza os crimes perfeitos e não perdoa a quem faz as escolhas erradas.
O ex-governador não deve estar achando agora que fez a escolha certa, contratando os tais serviços que o levaram à renúncia, mas quando a gente escolhe, só vai saber depois se fez a escolha certa. Na hora de pagar a conta!

3 comentários:

Claudia Vieira disse...

As vezes acho que escolher é a essência do ser humano, ao contrário de outros seres, ao nos concederem o intelecto( um deus, uma força superior, um traço genético etc)nos marcaram como a única espécie que tem o livre arbítrio, que é nada mais nada menos do que a capacidade de poder escolher.
Ao mesmo tempo que em que isso nos deixa numa posição superior às outras espécies, nos tornamos escravos destas escolhas que quase sempre seguem uma moral arbitrária.
Não imaginamos um leão julgar um outro leão porque comeu uma zebrinha....rs
Mas nós, seres humanos, estamos sujeitos a julgamentos diários, já que agimos por escolhas e não por instintos.
No caso do governador de NY, aposto que a imprensa estragou tudo.
Não por que revelou uma prática adúltera e devassa do governador ao mundo, mas porque tirou o direito do casal de se relacionar nestes meandros da obscuridade.
Alguém perguntou se a mulher do governador já sabia de tudo há muito tempo? E mais... será que não estavam felizes assim ?
Escolhas...

Dedé disse...

Provalvente! E agora que tudo veio a público, a mulher dele vai ter que tomar uma atitude (que, de repente, nem queria, como aconteceu com ele).
Por causa dessas escolhas anteriores, eles acabaram ficando sem muitas escolhas agora...
E pensar que isso é só o começo do estrago...
Escolhas...

Dedé disse...

Provavelmente!!!