domingo, 25 de maio de 2008

ninguém foge do seu destino ou dois ligados não se bicam

foto: mglenadel

Gosto de muitas coisas. Coisas até demais para uma pessoa só. E de outras coisas eu queria muito gostar como ópera, jogos de cartas, filmes de ficção. E como café. Acho lindo as pessoas pedindo um café, sentadas em um Café com sua xícara de café saindo aquela fumacinha. Fazem pausa para um café na maior felicidade. Acho o máximo. Adoro o aroma. Mas não gosto de café. Não gosto do sabor! Nem do poder que a cafeína tem de ligar.
Sou de (e fui para) uma família apaixonada por café. Meus pais tiveram um bar com um café famoso por ser muito gostoso. O que prova que o que gostamos não está nem nos genes nem na formação!
Mas já estou há um tempo com a idéia de experimentar de novo um café. Antigamente o café era um vilão total da saúde, mas hoje em dia descobriram muitos benefícios para o nosso corpo e principamente para o cérebro, sendo inclusive preventivo para Alzheimer, o que é maravilhoso.
Meus amigos que não gostam muito de café falaram para começar pelo cappuccino e de preferência pelo da Kopenhagen.
Com tantos pontos a favor e a minha admiração pelo ritual, hoje, de supetão, quando o Marcelo parou para tomar um café, falei: - um cappuccino, por favor!
Ele, que por tantas vezes em tantos anos, tentou me convencer a dar um golinho que fosse, achou que eu estivesse de brincadeira e não acreditou quando eu repeti: - quero um cappuccino!
Para falar a verdade, nem eu acreditei muito, mas resolvi arriscar e enfrentar o momento de ousadia. Pedir uma coisa que você detesta não é uma coisa normal, mas, vamos lá, tudo em nome da saúde, da curiosidade, do estilo almejado!
O café chegou e era lindo, com um canudinho de biscoito com chocolate. Ataquei o biscoito de cara, sem olhar muito para o que me aguardava na seqüência. Nunca demorei tanto para comer um biscoito tão pequeno enquanto aquela xícara mínima ia ficando enorme. Nunca tomei um cappuccino na vida. A minha última tentativa de tomar um café foi há muitos anos. Mas agora não tinha como fugir pois afinal eu mesma tinha me metido nessa situação e não iria declinar.
A hora chegou e fiz toda a cena do ritual colocando a boca devagarzinho como se estivesse beijando um crocodilo. Mas aí veio a surpresa! Só tinha chocolate derretido com uma espuminha gostosa. Estava um pouco frio de tanto que eu enrolei, mas confesso que estava mesmo bom.
Talvez o meu paladar tenha mudado com o tempo, ou o cappuccino da Kopenhagen seja realmente bom, mas estava mesmo gostoso. Como pode? Adorei essa novidade inesperada e saí de lá toda feliz! Uma nova mulher pronta para conhecer os cappuccinos dos Cafés da cidade.
Isso foi ao meio-dia e os resultados da minha nova experiência não demorariam a aparecer.

Às 4 eu não tinha fome nenhuma! Normalmente, uma hora da tarde eu já estou querendo almoçar. Não parei de fazer coisas a tarde inteira, cheia de pique. À noite eu estava pronta para qualquer programa e vi o Altas Horas como se fosse a Sessão da Tarde, acordadíssima. E agora, às 4:20, nem sinal de sono.
E eu fico só lembrando da cena do meu rito de iniciação ao mundo do café. E pensando que aquela xícara de café tão bonitinha, tão pequena, com aquele ritual tão bacana, e agora também saudável (e ainda por cima gostoso de repente!), me deixou acordada para sempre!!!
Estou achando que ainda não vai ser dessa vez que passarei a tomar café. Nem que farei as pazes com os superpoderes da cafeína! Eu e o café não fomos feitos um para o outro. E nem fomos felizes para sempre!

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