terça-feira, 20 de maio de 2008

pouco tempo x muitas coisas


A vida moderna é muito sedutora. Tem opção para todos os gostos. O acesso a tudo é ilimitado. Se chega às informações em segundos. Se chega ao outro lado do mundo em horas. As bancas de jornal se transformaram em lojas. Ir às livrarias virou programa de dia inteiro. A TV é 24 horas. Carregamos o telefone no bolso. Levamos o computador na bolsa. Internet é artigo de primeira necessidade. Tudo muito prático e tentador. E me pergunto quando surge alguma novidade (e são tantas o tempo inteiro!) onde vai haver tempo para se usufruir de tantas coisas incríveis! Pois são realmente incríveis!
Quando fiz meu curso de fotografia, ouvi que é tão importante quanto fazer boas fotos é saber escolher uma, ou umas, entre tantas, para ser exposta. E desde então penso também assim em relação às tantas opções desse mundo moderno cheio de coisas interessantes por todo lado e tão fáceis de serem aproveitadas.
São muitas coisas para fazer na vida, tantas coisas para fazer todos os dias. São tantos livros, revistas, jornais, blogs, sites, são tantos os filmes, seriados, notícias, programas, novelas. São países para conhecer, países para se ir de novo. Teatros, shows, restaurantes, bares, comidas para provar. Projetos para realizar, pais para visitar, amigos para papear, filhos para educar, pessoas para ajudar, cachorros para passear, namorado para namorar, esportes para curtir, saúde para cuidar, compras para fazer, livros para escrever, tecnologia para experimentar, jogos para distrair, hobby para investir.
Como escolher um livro para ler e lê-lo, se são tantos livros fundamentais (de trabalho inclusive!) na fila da cabeceira e tantos nas estantes da livraria? As revistas nem foram todas lidas ainda e as novas já estão chegando no jornaleiro? Todo dia estréiam programas interessantes. Os filmes chegam todos os dias no cinema, na locadora, na NET. O trabalho exige de nós cada vez mais, neste mercado cada vez mais competitivo. Fizemos muitas opções de interesses mas não aprendemos a esticar o tempo.
Não é só uma questão de escolha, mas principalmente de renúncia! Lembro do Domingos de Oliveira falando que o o problema do casamento não era escolher uma mulher só, mas não poder mais ficar com as outras. E será assim com a vida. Saber lidar com o que foi posto de lado, com o preterido. O "não vivido". É difícil! O tal do SE! (Aquele SE que não existe na prática, mas fica no nosso pensamento às vezes.)
Tudo me interessa. A vida, o mundo! Quero fazer tudo e saber de tudo que está acontecendo no mundo. As pessoas me interessam, a política me interessa, a cultura me interessa, o trabalho me interessa, os pensamentos me interessam. E ainda sofro por não dar conta de tudo que gostaria de aprender, fazer, ver, conhecer, experimentar. Mas agora também já sei que não se pode ter tudo e que a melhor maneira de aceitar não poder fazer tudo é aproveitar ao máximo a escolha feita. Talvez essa seja a melhor maneira de se esticar o tempo e aproveitar a vida.
Não dá para tocar um projeto pensando em outro. Não dá para colocar uma idéia em prática pensando como seria se tivesse escolhido a outra. Não dá para estar em um lugar querendo estar em outro. E assim o difícil tornou-se fácil, ou pelo menos mais tranqüilo!

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