terça-feira, 4 de novembro de 2008

black is beautiful

foto: reprodução

Essa semana tem sido uma semana boa. Felipe Massa ganhou o GP Brasil, Marílson dos Santos venceu a Maratona de Nova York (ê! garoto!) e até (o meu!) Vasco ganhou.
E deve continuar boa porque o Obama deve ganhar a eleição dos Estados Unidos, mas isso a gente só vai saber mais tarde, depois que tudo for contado e votado de novo pelos delegados.
Mas só em ter essa possibilidade de ser o Obama já é um progresso e tanto. Um progresso da humanidade. Um progresso que demorou, mas finalmente chegou.
Um negro da presidência dos Estados Unidos há um tempo seria inconcebível, mas hoje isso não só é possível como está muito perto de ser real. E se hoje ele ganhar, não é por ser negro, e sim por ser um homem competente, que vai trazer mudanças importantes para o mundo, começando por quebrar tabus.
Essa eleição já passou por muitas etapas. Até o Giuliani, ex-prefeito de Nova York, esteve no páreo. Depois aquela disputa entre uma mulher e um negro, para ser o candidato do Partido Democrata, quando a campanha parecia estar voltada para isso. Preconceito contra preconceito, quem dá mais. Em algum momento era como se a plataforma não importasse, pois os eleitores brigavam por uma mulher no poder ou lutavam por um negro na presidência.
Com o tempo as plataformas foram aparecendo e Obama, também. E mostrou que - apesar disso - não era isso que importava. E pode mostrar suas idéias, seu caráter, seu frescor, sua firmeza e seu preparo.
E com ele o progresso de um povo que vai ter que olhar os homens além da cor da pele. Olhar para frente. Olhar além dos preconceitos e seguir mais livre.
Às vezes é difícil se livrar dos preconceitos porque ele está em toda a parte. Preconceito é para todos. Ninguém escapa.
Uma vez, eu e um amigo, constatando isso, resolvemos fazer uma lista de preconceitos que a gente devia ser vítima por curiosidade. A lista era enorme porque o preconceito é uma questão de ponto de vista. Claro que tem os preconceitos maiores, esses sociais que cruzam séculos e séculos (raça, classe social, aparência, origem, sexualidade, doenças, deficiência, ignorância etc.). Mas tem os preconceitos do dia-a-dia também e estão em todo lado.
Os fashionistas têm preconceito com quem se veste mal, os que não ligam para isso têm preconceito com quem adora moda, quem devora literatura tem preconceito com quem ama Paulo Coelho, quem é fã desse tipo de leitura tem preconceito de quem só lê os clássicos, quem adora gastronomia tem preconceito com o McDonalds, quem adora fast food tem preconceito com restaurantes da moda.
Se não é igual, pronto, instala-se um preconceito rapidamente, algumas vezes até mesmo antes de conhecer ou experimentar.
Julgar os outros sem nenhuma base concreta também é a maior fonte do preconceito. Se uma mulher jovem e bonita namora um feio e mais velho todo mundo diz que é por causa da grana, se uma pessoa bem-nascida tem boas idéias profissionais, todo mundo diz que foi a ajuda da família, se a mulher é loura só pode ser burra (se for linda, piorou).
E assim caminha a humanidade, convivendo com seus pequenos preconceitos diários, seja como a vítima, seja como o preconceituoso. Até o dia que a liberdade se torne mais forte que os conceitos, até o dia que conviver com as diferenças seja mais gratificante que olhar para o próprio espelho, até o dia que se ouça o que o mundo tem a dizer e não apenas a verdade da própria voz.
Para isso ainda falta algum tempo. Mas um tempo que pode estar começando hoje...



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