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Lúcia e Norton. foto: Marcelo Pinta Pirola

Pastor alemão é a minha raça de cachorro preferida. Não deveria ser pois fui mordida por um bem no bumbum. Mas adoro. Acho bonito, imponente, carinhoso, um cachorrão bom de abraçar. Mas, quando eu e Marcelo resolvemos ter um cachorro, tinha que ser pequeno. Marcelo tinha tido uma "quase" fox paulistinha, a Mini, e as lembranças eram as melhores possíveis. Inteligência sempre é o requisito mais importante para ele, mesmo sendo para um cachorro, e logo a raça ficou resolvida. Ele escolheu a raça, e eu, o gênero. Eu queria um macho. Sempre tenho medo que a fêmea fique grávida e que eu não tenha coragem de dar os filhotinhos, e, como também não tenho o menor perfil para ser criadora de animais, melhor prevenir. O nome escolhemos juntos, e, depois de ver um monte de nomes, Lucky, Gregório, Zuka, escolhemos Zucker. Foi paixão à primeira vista. O bicho tremia tanto, mas tanto, quando fomos pegá-lo na pet, e mesmo que aquele não fosse o nosso, seria. Me apaixonei completamente pelo filhotinho tremeliquento!

Numas das primeiras saídas para o parque, conhecemos um casal, Lúcia e Marcelo, que também estava com um paulistinha, Rickson, e um pastor, Norton. Ficamos de papo, esquanto os cachorros faziam aquela farra de sempre, com aquelas corridas de cachorro-maluco.
Norton já era um senhor e andava devagar, mas o Zucker, ainda filhote, não se cansava de ficar chamando, atiçando, atazanando mesmo o pobre do senhor Norton.
Zucker tanto fez que o pastor acabou saindo correndo também, com a maior dificuldade, correndo para lá e para cá, e quanto mais corria, mas o Zucker corria e mais colocava ele para correr. Sei que ficaram assim até a hora de ir embora, já exaustos. E nós achando a maior graça na cena. Com tantos cachorros do tamanho e da idade dele, Zucker cismou com o Norton.

- Só mesmo o Zucker para fazer o Norton correr! - disse Lúcia.

Zucker ficou apaixonado e não queria largar seu novo amigo e Norton, já cansado, também.
Eles se divertiram muito, e a gente também vendo a farra e a pureza da brincadeira entre um filhotinho de uma raça pequena com um cachorro tão grande e já idoso!
Eles se viram mais algumas vezes, mas aquele primeiro encontro foi mesmo especial, inesquecível para mim.
Na semana passada, Norton, já bem velhinho, morreu, depois de muita luta. Norton morreu com 14 anos, muito para um cachorro tão grande. Viveu muito, e bem. Amadíssimo por Lúcia e Marcelo, e por todos. E teve uma vida feliz. Viveu e foi feliz.
Era amigo, gentil, um pastor alemão dos bons.
Norton era especial, tão especial que fez o maior dos sacrifícios para correr só para não decepcionar um filhotinho animado e apaixonado, num dia de sol...